A coragem de quem desafiou a lei para usar o canabidiol, relatos de tratamentos e o futuro da maconha no Brasil estão em uma das maiores séries brasileiras de entrevistas sobre o tema, no formato podcast
Por: Time de Marketing Grupo RIC
Famílias que “traficaram” óleo de maconha, a primeira importação legal de um remédio à base de canabinóides; o caso da menina que sofria até 80 convulsões por semana; as projeções sobre um enorme mercado que deve se abrir no Brasil para os derivados da maconha, dentro de dois anos; o médico brasileiro que planta maconha legalmente no Uruguai; o desespero da família que via o filho piorar a cada dia…Essas e inúmeras outras histórias são contadas em detalhes no videocast “A planta que cura”, uma das maiores produções feitas no Brasil sobre a cannabis medicinal, com seis episódios que já estão disponíveis nos tocadores de podcast e no You Tube.
Mais de uma dezena de entrevistados discorrem sobre o tema, incluindo experiências com pacientes de doenças graves que apresentaram melhoras significativas, além de depoimentos de médicos, advogados e empresários que, desafiando o preconceito e a falta de regulamentação, estão plantando cannabis e industrializando remédios. A produção da série “A planta que cura” é da RIC Podcasts, plataforma do Grupo Ric, o maior grupo de comunicação multimídia do Paraná. “O projeto nasceu durante a pandemia para potencializar esse formato que ganha espaço no mundo inteiro: estamos criando podcasts originais, queremos transformar produtos do Grupo Ric em podcasts, e também está no escopo agenciar podcasters e produzir podcasts para empresas”, diz Marcus Yabe, diretor corporativo de Produto, Conteúdo e Convergência do Grupo Ric.
O jornalista Guilherme Rivaroli apresenta dados, faz entrevistas e relembra momentos que marcaram os últimos anos da luta de brasileiros que estão conseguindo mudar o curso da história no que diz respeito ao emprego dos derivados da cannabis na ciência médica. E mostra que a planta que dá origem à popularmente chamada “erva maldita” é, na verdade, muito mais do que o cigarro de maconha. Estudos sobre a cannabis apontam que ela é 100% aproveitável e tem, por isso, enorme potencial econômico. Suas folhas, sementes e fibras têm aplicações na indústria da saúde, na produção de têxteis, na construção civil, entre outros segmentos produtivos.
Na linha de frente, como âncora de todos os episódios da série – que reúne uma grande equipe de pesquisadores, produtores e editores -, Rivaroli conta que as entrevistas escancaram o preconceito da sociedade e das autoridades brasileiras contra a maconha medicinal, principal fator para que o país custe a avançar no uso da planta para a produção e prescrição de remédios. “Tenho certeza de que a série vai fazer diferença nessa luta. Já há advogados usando o programa em ações judiciais para liberar tratamentos”, acrescenta.
Sem efeitos colaterais
Pioneiro na luta pela legalização da cannabis medicinal, o médico Mario Grieco é especializado em Clínica Médica, Saúde Ocupacional e Medicina Canabinoide, com Fellowship em Medicina da Família nos Estados Unidos. No primeiro episódio do videocast “A planta que cura” ele diz que a cada dia mais países passam a descriminalizar o cultivo da cannabis e lembra que, no Brasil, a aceitação progressiva se deve a vários aspectos, incluindo o fato de que a Anvisa nunca recebeu relatos de efeitos colaterais danosos para a saúde entre mais de 30 mil pacientes que estão sendo tratados e estudados.
Grieco – que é autor do livro “Cannabis medicinal: baseado em fatos”, pela Editora Agir – explica que a cannabis causa neurogênese, isto é, cria neurônios, beneficiando pacientes com doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Age sobre dores crônicas e melhora o estado geral de pessoas com autismo, acalmando a agressividade e trazendo conforto para toda a família. “O canabidiol também tem resultados excelentes no tratamento da epilepsia e da esclerose múltipla, além de tratar a espasticidade, as contrações que causam dores horríveis. Com ele, tratamos enfermidades que são refratárias a medicamentos tradicionais.”
Para Grieco, o canabidiol vai ser o medicamento do próximo século, reproduzindo em parte o fenômeno que foi a penicilina. O Brasil poderia ter sido o precursor desse movimento, uma vez que foi o primeiro país a estudar o uso do canabidiol na epilepsia, em 1980, em um estudo com 15 pacientes conduzido pelo recém falecido professor Elisaldo Carlini, autor de mais de 400 artigos científicos sobre o tema. Durante uma palestra para médicos, o professor chegou a ser detido pela polícia, um reflexo das pressões religiosas e ideológicas que sempre cercaram o tema.
A família que mudou a história
No segundo episódio, a série apresenta a batalha do casal Norberto e Katiele Fischer, pais da menina Anny Fisher, os primeiros brasileiros a importar legalmente o canabidiol e os precursores na luta pela autorização do uso do remédio no Brasil. Com um caso raro de epilepsia, desde recém nascida a menina sofria convulsões que chegaram a 80 crises por semana. Aos quatro anos, não se movimentava mais.
Temerosos, mas ousados, os pais de Anny contaram com a ajuda de uma amiga da família que morava nos Estados Unidos para trazer ao Brasil frascos de canabidiol. Não sabiam sequer a dosagem a aplicar na filha, mas foram em frente. Os pais relatam a emoção sentida diante dos primeiros resultados do tratamento, que inspirou muitas famílias a seguir o mesmo caminho. A luta fez a Anvisa autorizar a venda de canabidiol medicinal em farmácias, em 2019. A médica Mara Lúcia Schmitz, que aplica canabidiol como tratamento desde 2016, também explicou como o remédio age sobre os pacientes.
Prescrição e melhora
O neurocirurgião funcional Pedro Pierro Neto é um dos entrevistados do terceiro episódio do videocast “A planta que cura”. Especialista em dor, transtornos do movimento e epilepsia, o médico foi pioneiro na prescrição de cannabis medicinal no Brasil. Ele divide o programa com Rosiane Costa, mãe de Geovana, que usa o canabidiol para tratar as crises de autoagressão da menina, que tem diagnóstico de autismo não-verbal.
O quarto episódio traz o relato de outra mãe, Maria Aparecida de Carvalho, que viu as crises de epilepsia da filha diminuírem em 80% com o tratamento. O jornalista Guilherme Rivaroli também conversa com Claudette Oliveira, farmacêutica e representante da Apepi, associação que planta, manipula, transporta e pesquisa o extrato da cannabis.
A situação legal do canabidiol no Brasil é o tema central do quinto episódio da série, cujos convidados são o advogado André Feiges, autor de várias ações judiciais bem-sucedidas para liberação dos medicamentos, e Marco Sanfelice, pai de uma criança que usa o óleo extraído da cannabis e que conseguiu fazer com que o Estado do Paraná arque com as despesas decorrentes.
Dois anos para a regulamentação
Para finalizar as quase seis horas de informações e debates sobre o uso da cannabis medicinal, o videocast reúne os empresários Kethllen Fornari, da ANNA, e Thiago Ermano Jorge, da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann), além do médico Alfonso Cardoso Ferretjans, que planta maconha legalmente no Uruguai.
A Abicann reúne mais de 60 empresas, na maioria pequenas indústrias farmacêuticas que desenvolvem alguns tipos de medicamentos no Brasil, segundo Thiago Ermano Jorge. Mas a cannabis tem enorme potencial produtivo, sendo capaz de alimentar os próximos 70 anos de inovação. “A cannabis pode resultar na industrialização de mais de 50 mil tipos de produtos”, diz ele, ressaltando que o mundo ainda engatinha no processo de conhecimento da capacidade da planta, mas que os próximos saltos virão rapidamente e que em dois anos o Brasil deve ter regularizado as atividades que envolvem o plantio e a exploração comercial da cannabis.
Séries customizadas
Com 30 milhões de ouvintes, o Brasil é o terceiro país que mais consome podcast no mundo e o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos. Entre os gêneros preferidos, estão sociedade e cultura, estilo de vida e comédia, segundo dados de 2022 da Statista Internacional. Para capturar essa identificação do brasileiro com o formato, o grupo desenvolveu uma plataforma de produção, que vai fechar o ano com 21 podcasts próprios.
A estratégia se baseia em trilhas que contemplam assuntos em discussão pela sociedade, com a participação de especialistas e convidados especiais. Para aprofundar cada um e promover o debate entre a opinião pública, cada temporada pode ter entre seis e oito episódios.
Além da série inaugural sobre a cannabis medicinal, há outros temas de grande impacto, como o do abuso infantil, que a sargento PM Tânia Guerreiro apresenta no podcast “Túmulos Invisíveis”. O drama ganha visibilidade na costura dos dados com histórias reais e entrevistas com familiares afetados pelo trauma.
A plataforma RIC Podcasts também está preparada para desenvolver podcasts customizados para quem deseja aprofundar-se em um assunto. Um time de produtores e editores pode desenvolver o projeto de terceiros – pessoas físicas, empresas, instituições em geral – desde a origem até a definição da melhor estratégia para que ele conquiste audiência.